terça-feira, 27 de novembro de 2012

FICHÁRIO - 1: ASPECTOS DA NOUVELLE VAGUE (*relacionados ao elemento surpresa, ainda em pesquisa)


O surgimento da Nouvelle Vague Francesa abriu espaço para redefinir a linguagem cinematográfica em voga, até então. Foi uma abertura de redefinição estética radical.



- “É consenso que a rede de filmes, artigos e cineclubes da Nouvelle Vague tenha criado condições para um momento de redefinição radical de padrões e maneiras de filmar e – também – compreender cinema”.

- "Esse novo olhar e maneira de se fazer cinema desencadeada pelos jovens turcos “afirmou, no âmbito local, a ruptura com o cinema de estúdios francês e, no plano da história das formas, a consciência avançada da representação. (...). Laboratório por excelência de uma ESTÉTICA DO FRAGMENTO, da incorporação do ACASO DA FILMAGEM, da polifonia narrativa e de uso de formas até então atribuídas ao documentário, às Artes Visuais, ao ensaio e à Literatura, a Nouvelle Vague fez chegar ao cinema (...) uma observação autocrítica dos imaginários urbanos, antropologia radical oposta à vocação de ‘vulgaridade e comércio’ do cinema e das mitologias da sociedade de consumo."

- "(...) a Nouvelle Vague acabou por sintetizar uma original incorporação crítica da cultura material e imaterial ao redor, da cultura atual e dos museus. (...) A Nouvelle Vague foi um movimento de juventude, protagonizado por uma geração que começou a escrever e fazer filmes quase adolescente, com a responsabilidade política dos ‘vinte e poucos anos’, mas com um raro acumulo cultural para jovens dessa idade."

- "Uma das mais vigorosas ideias da Nouvelle Vague foi considerar o museu, a cinemateca, como locus privilegiado para o processo criativo de um filme. Uma ideia transformadora, porque até então, o cinema era pensado em repartições (estúdios) e com base em uma noção de linguagem sem tradição."

- "A Nouvelle Vague foi o primeiro movimento cinematográfico produzido com base em um interesse pela memória do cinema. Foi esse acesso a tal tradição que permitiu nascer, nos artigos dos futuros cineastas, a ideia cara – e clara – de RUPTURA, de novidade a afirmar."

- "Na verdade o interesse pelos autores americanos – pedra de toque da ‘política dos autores’ dos jovens críticos – seria muitas vezes mediado pelos valores e conceitos da arte moderna: a DESCONTINUIDADE, a incorporação do ACASO e da realidade documental, a valorização da montagem."

- "Os artigos que Truffaut e Godard escrevem têm duas frentes: a recusa do que é produzido na França (salvo raras exceções) e o cinema americano como foco privilegiado para a BUSCA DE AUTORES que, de certa forma, DRIBLAM O SISTEMA E SE IMPÕEM COMO ARTISTAS coerentes, capazes de CONSTRUIR UMA ESCRITURA. Não por acaso, a noção de estilo será muito mais importante para a Nouvelle vague que para André Bazin e as gerações críticas anteriores."

- "O autodidatismo, a eleição de um novo espaço de difusão do saber – o cinema – e a aposta no cineclubismo com ‘escola’ explicitam o modo de agir de Bazin: tanto sua preferencia pelo ensaio como a forma da escrita e as diferenças com as exigências do mundo acadêmico.”
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MANEVY, Alfredo – Nouvelle Vague, P: 221-233, in: MASCARELLO, Fernando (org) - Historia do Cinema Mundial, Campinas, SP: Papirus, 2006 – (Coleção Campo Imagético).