sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

REGISTRO DOIS: roteiro

Este registro diz respeito ao item Roteiro Cinematográfico,
tendo a trajetória e referência o meu primeiro trabalho em audiovisual
O Forasteiro - http://curtaoforasteiro.blogspot.com.


Enfatizando novamente: fiz uma adaptação de um conto literário de minha autoria para a realização deste filme, embora não dominando as regras, estrutura e nomenclaturas inerentes a esse tipo de texto, adaptei o conto para um tipo de roteiro que eu entendia... escrevi de forma intuitiva, bastante distante do que seria de fato um texto de roteiro cinematográfico.

Filmamos tudo em julho de 2010 e primeira semana de agosto do mesmo ano, e ao longo do período da pós-produção (já em 2011) fui-me acercando mais sobre a estrutura de roteiro para cinema. O que me ajudou muito mesmo foi participar e ficar em segundo lugar entre os cinco melhores roteiros escolhidos no I Edital Ideal de Curta-metragem 2010. Para inscrever meu roteiro eu tive de me aprofundar mais sobre essa estrutura textual especifica (pesquisei alguns na internet e li algo sobre); e mais a frente, ainda como consequência da participação deste edital onde os cinco colocados tiveram uma oficina de roteiro com o cineasta Roger Elarrat. Dali em diante e depois em conversas com outros cineastas mais experientes, pude compreender de fato, essa estrutura de roteiro para cinema e também suas peculiaridades na forma da escrita.

Compreendi que contar uma história, todo mundo sabe fazer... mas contar uma história utilizando o recurso do cinema, exige uma certa ressignificação! E qual o motivo disso? Porque contar uma história no cinema é organizar REGISTROS do que o protagonista da história faz de importante e significativo para dar “interesse” à trama. Esse registro é feito através dos recursos que dispõem a linguagem cinematográfica. E utilizar esses recortes é direcionar a atenção e o olhar do expectador para as peças mais importante para se compreender a história.

Deve-se entender que o roteirista depende, no mínimo, do olhar bem aguçado e sua atenção bem refinada e definida para o objetivo de contar sua história bem contada, organizando as partes relevantes dessa narrativa! O escritor deve conhecer esses artifícios quando escreve suas ideias para roteiro de cinema, pois esse roteiro é mais VISUAL do que propriamente narrativo e literário. A trama é contada visualmente, entretanto, os elementos pesam entre esconder e mostrar a ação dos acontecimentos, pois o interessante é prender a atenção do espectador através de sua própria imaginação.

Se percebermos, quando alguém nos narra um acontecimento, isso acontece através de CORTES e de SEQUENCIAS dentro dessa narração. Ora, há de se observar que quem conta os fatos de uma história qualquer (verídica ou não) o faz de maneira que prenda a atenção do interlocutor. E como fazer para prendemos a atenção de quem nos escuta contar uma história?

Ao arrumar os fatos que compõem a ideia esbravejada pelo roteiro, o escritor deve fazer de acordo com a linguagem, nomenclaturas e termos apropriados para esse tipo de texto, que devemos compreender tratar-se de um “texto grávido”, (tal qual chamamos para o texto dramatúrgico para o teatro). A ideia que está registrada nesses tipos de textos literários ainda não é a materialização da obra artística para os respectivos suportes, (ao que tratamos aqui: o suporte é o cinema). Em analogia, compreender o filme como “a criança” que nasce desse texto gravido, que é o roteiro.

Logo, contar a história através do texto de roteiro cinematográfico é antes de tudo, VER o filme imaginando as cenas. O grande motivador da ação é o conflito. O surgimento do conflito retira o personagem de seu cotidiano e o leva a agir, se movimentar para resolver o conflito gerado.

O roteiro cinematográfico é escrito para ser contado através de imagens em movimento (ou seja, ações filmadas). A ação deve ser “visualizada” por quem lê o roteiro (lembrando que esse tipo de texto interessa primeiramente ao Diretor e sua equipe, e não ao leitor comum).

Existem outras peculiaridades da forma, semântica e também da estrutura textual que obviamente não colocarei aqui! Sempre gostei do tipo de aprendizagem onde nos dão as ferramentas para pescar e não nos dão o peixe diretamente nas mãos... pensar e refletir são excelentes exercícios, ao meu ver, e é aqui que se separam o joio do trigo! O bom roteirista deve esforçar-se para compreender por si mesmo a ferramenta que deseja utilizar, pois cada entendimento é único e varia de individuo para individuo, além é claro que a linguagem do audiovisual é sem sombra de duvidas, a mais misteriosa e subjetiva de todos os suportes artísticos, a sua utilização pede muito ao criador/realizador, que deve estudar, ler, observar bastante não apenas sobre cinema mas sobre a vida e tudo que nela acontece. O bom Cineasta deve ser uma super-antena...


Katiuscia de Sá
29 de dezembro de 2011.


# REGISTRO UM: direção

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